Letícia Genesini
29 de março de 2016

Uma das características que mais adoro em São Paulo é que a cidade está em constante mudança. Sim, isso tem suas perdas — lugares icônicos podem de uma hora para outra serem simplesmente esquecidos —, mas isso também nos permite sempre redescobrir e ressignificar seus locais, pontos e esquinas: é de fato uma cidade viva. E foi assim que redescobrimos o Mercado Municipal de Pinheiros.

Sempre ofuscado pelo Mercadão Municipal (que já falamos neste artigo), seu prédio imponente acabava escondido entre o movimento da Teodoro Sampaio e o também renascido Largo da Batata. Mas desde o final do ano passado isso vem mudando e o espaço ganhou nova luz. Primeiro foi a chegada, em outubro de 2015 da Comedoria Gonzales, do renomado chef Checho Gonzales. Um ponto que nem chega a ser um restaurante de tão pequeno, mas que traz de sua cozinha um dos melhores ceviches. E agora outro chef chama à atenção para o Mercado: Alex Atala, através de seu trabalho com o Instituto Atá.

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O manifesto do Instituto Atá inicia mostrando com clareza seu propósito: “A relação do homem com o alimento precisa ser revista”, e é com este espírito que eles tomam, em parceria com o Instituto Socioambiental, o Instituto Auá, a Central do Cerrado, o grupo Quintana e o Mocotó Café, a curadoria de 4 novos boxes do Mercado. Estes não são espaços quaisquer, mas representam os 5 biomas brasileiros — Amazônia, Mata Atlântica, Pampas, Cerrado e Caatinga — trazendo produtos como frutas, castanhas, polpas, óleos, farinhas, especiarias, temperos e o rico artesanato das regiões.

Além de revelar a rica biodiversidade brasileira, que é um dos propósitos do Instituto Atá, o projeto tem como intuito fortalecer as pontas da cadeia produtiva, tirando os intermediários saem do processo: “As seis organizações formam um coletivo, que desenvolve diversos projetos com comunidades locais e tradicionais aliados à valorização dos ingredientes nativos. A ideia é facilitar o caminho para que os produtos estejam disponíveis no Mercado de forma qualificada, com preço justo e respeitando as peculiaridades de cada região (…) O papel aqui de todas as organizações envolvidas é de construir pontes entre o consumidor e o pequeno produtor, buscando encurtar o caminho do campo à mesa” (Instituto Atá).

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A ideia também é que os boxes funcionem como uma espécie de show room para estes pequenos produtores. Juntamente com a aproximação do público a estes produtos, intende-se que  que chefs, restaurantes e outras pontas dessa cadeia se interessem por eles, gerando uma nova e efetiva demanda. É apenas o ponto de partida para que uma nova rede de um consumo mais inteligente se crie por São Paulo.

O Mercado Municipal de São Paulo, o Mercadão, reflete perfeitamente a diversidade cultural paulistana, mas ainda falta um espaço que represente nossos sabores nativos. A ideia é que o Mercado Municipal de Pinheiros ocupe essa lacuna e se torne uma embaixada do ingrediente brasileiro. Queremos que o Mercado de Pinheiros se torne uma extensão da rota turística que vai ao Mercadão e que o público venha de metrô e de bicicleta”, explica o chef Alex Atala.

fotos do Mercado Municipal de Pinheiros FOTOS PAULO VITALE ALL RIGHTS RESERVED

Foto: Paulo Vitale

Para que isto aconteça cada vez mais, o espaço será palco de eventos como cursos, degustações, pocket shows, intervenções artísticas, dando cada vez mais vida ao Mercado.

Mercado Municipal de Pinheiros
Rua Pedro Cristi, 89, Pinheiros

Horário de funcionamento:
Segunda a sábado, das 8h às 18h.
Fecha aos domingos.