Comida

Gelato Boutique: gelatos artesanais de verdade

(porque hoje existe o artesanal de mentira)
Letícia Genesini
18 de julho de 2018

Em um mundo de gelaterias artesanais pero no mucho, a Gelato Boutique é um paraíso. Não só o gelato é feito do zero, com todos os ingredientes balanceado pela chef gelatière, Marcia Garbin, mas a preocupação com a qualidade dos ingredientes reflete na cadeia toda. O resultado é um gelato maravilhoso que respeita a sazonalidade e apoia produtos locais.
Se você está acostumado com sorveterias em tons pastéis e toques nostálgicos, prepare-se para uma surpresa. Assim que você entra neste universo à lá País das Maravilhas entende-se que a Gelato Boutique tem uma personalidade única, e isso traduz em suas criações. Tudo é reflexo de sua chef gelatière, Marcia Garbin, que se formou em Paris, trabalhou por muitos anos na Itália, e combinou os dois estilos com um toque pessoal único, o que resulta em sabores ímpares. O que você pode contar é com insumos 100% naturais, o resto certamente será um bem-vindo inesperado.

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Quem chega procurando gelato de morango em qualquer dia do ano pode até se frustrar, mas os sabores também são sazonais. Afinal, para fazer um excelente gelato de morango sem aditivos é preciso ter o melhor morango, e isso só se tem dentro da safra. Além disso, quase todos os ingredientes são sazonais (com exceção de sabores específicos, como o pistache cujo fornecedor é italiano, de Bronte, claro). O pensamento por trás dessa ética é fazer o melhor gelato, mas de quebra respeita-se a sazonalidade dos produtos e valoriza-se a produção local.

Lá você acha os sabores tradicionais, mas vale muito a pena provar as combinações inusitadas como o Caramelo De Missô e o Gergelim Negro.  O destaque do salão é o Caffè-Lime que foi o vencedor do festival de gelato de firenze 2013.  Ele é feito a partir do blend exclusivo de espresso desenvolvido pela Martins Café (o mesmo que eles servem para os clientes na gelateria) com um toque de suco e raspas de limão. Para três litros de sorvete são tirados cinco litros de espresso curto (de 15 em 15ml) que depois é reduzido para 500g. Um trabalho que reflete no sabor delicioso.

 

Um bom gelato, porém, começa com um bom leite. O deles é orgânico e vem de gado criado solto alimentado a pasto pela Fazenda Estância Silvânia, que produz leite A2 (uma categoria de leites que possui uma caseína menos alergênica ao ser humano, importante para quem tem alergia à caseína ou sensibilidade com laticínios). O leite chega ainda cru na loja, onde é pasteurizado à baixas temperaturas. Por que? Simplesmente porque o leite UHT que compramos no supermercado é pasteurizado a altíssimas temperaturas, o que mata possíveis patógenos, mas descaracteriza a proteína do leite, o que impossibilitaria fazer um gelato perfeito sem aditivos. Assim, ela pasteuriza a baixas temperaturas por um longo tempo, deixando o insumo de acordo com as regras da ANVISA, mas garantindo um gelato delicioso e artesanal de verdade.

Hoje em dia há muito marketing para gelatos veganos ou sem leite, porém que pecam no sabor ou levam aditivos. Esquece-se que existem os sorbettos (sorvetes à base de água) que quando feitos corretamente não perdem sua cremosidade. O gelato na foto de capa dessa matéria é um dos meus preferidos, o cioccolato antico, e ele é um sorbetto de chocolate amargo. Cremoso e delicioso. Eu que não sou vegana, nem intolerante sempre o peço pelo sabor.

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A Gelato Boutique também vai muito além de sorvetes, servindo uma confeitaria de dar água na boca com semifreddos, crostatas, e até crepes doces ou salgados. Mas se for pra fugir (ou complementar) do sorvete, nossa dica é o saboroso trio de pães de queijo da Serra do Salitre, que vai muito bem com o café (e está na nossa lista de melhores pães de queijo de São Paulo).
Eles também sempre fazem parcerias e apoiam pequenos produtores (inclusive alguns que aparecem pelas nossas feiras)! Por isso você acha pelo cardápio cerveja artesanal, cachaça orgânica e artesanal, e nosso querido Obaatian (chá preto artesanal).

Agora vocês entendem porque vou tanto lá?