Mais de 7milhões de pessoas no Brasil convivem com a fome (IBGE, 2014). Ao mesmo tempo somos um país que desperdiça 15 milhões de toneladas de alimentos, que poderiam alimentar 20 milhões de pessoas. Por isso, nasceu o Comida Invisível, para nos ajudar a ver a vida que em algum momento passamos a confundir vida com lixo.

Tudo começou ano passado, quando Daniela foi com seu filho Pedro, então 14 anos, para conhecer o CEAGESP. “Enquanto caminhava pelos pavilhões nos deparamos com frutas perfeitas (que eu facilmente teria em casa) jogadas no chão ou nas caçambas de lixo e sujeira por todos os lados.”, conta ela. Assim, junto com Flávia Vendramin, Sérgio Ignácio e mais o apoio de muita gente, o  “Comida Invisível nasceu com o objetivo de tirar do lixo aquilo que não é lixo, alimento bom, próprio para consumo que, por falta de consciência e informação é desperdiçado todos os dias.”

O fato absurdo é que a maior parte dos alimentos que acabam do lixo têm esse fim não porque perderam seu valor como comida, mas porque simplesmente perderam seu valor comercial. Como comida boa pode não ter algum valor comercial? Bem, é caso, por exemplo, de frutas e legumes esteticamente “imperfeitos”. E se você acha que os supermercado são ignorantes de descartá-los, lembre a última vez que você deixou de comprar um tomate porque ele estava amassadinho, ou uma fruta porque ela não estava “bonita”.

Há hoje iniciativas para sanar este desperdício irracional. O Banco Ceagesp de Alimentos (BCA) é uma delas, que recebe uma média mensal de 160 toneladas de doação de alimentos impróprios para o comércio porém próprios para o consumo. Mas o próprio CEAGESP, no entanto, joga no lixo diariamente 135 toneladas, sendo 80% resíduos orgânicos e no mínimo metade é próprio para consumo. Por isso, o Comida Invisível criou, com apoio do vereador Ricardo Young, um projeto de lei (em tramitação) para combater este desperdício que obrigará as empresas de alimentos a doarem os alimentos que perderam valor comercial, mas que ainda são próprios para consumo, proibindo que os alimentos sejam descartados em aterros (PL 581/15). Para dar sua opinião, entre no site.

Eles também acabaram de lançar no Catarse um crowdfuding para unir recursos e criar o Food Truck de Comida Invisível. Este braço do projeto “muito mais que oferecer comida, trará pinceladas de reflexão para um consumo consciente, irá levar mais amor e consciência ao ato de se alimentar, valorizando o alimento e seu preparo”, conta Daniela. Para contribuir entre no site.

Mas o problema acontece apenas nos pontos de compra, mas muito desperdício ocorre na nossa própria cozinha, não apenas por falta de planejamento, mas também por cultura. No fim, acabamos jogando fora partes de alimentos que são perfeitamente comestíveis (e inclusive deliciosos). Assim, grande parte do trabalho do Comida Invisível é gerar informação e conscientizar as pessoas do que elas mesmas podem fazer em casa.

Por isso, a receita desta semana foi também compartilhada no site deles, e postada originalmente pela Laura Pires, te ensina a fazer um pesto com as ramas de cenoura!

PESTO DE RAMA DE CENOURA

Ingredientes

1 xic. folhas de cenoura

1 dente de alho pequeno

10 amêndoas tostadas

sal e pimenta do reino à gosto

azeite de oliva o quanto baste para das consistência no molho

gotas de limão

1/4 de xícara de folhas de manjericão

Modo de Fazer

Bater tudo no liquidificador e pronto! Pode ser usado como molho para macarrão, numa sopa, com paqueca, pão, acompanhamento de legumes assados ou no vapor.