Comida

O açúcar escondido

Você acha que "sem açúcar" quer dizer mesmo "sem açúcar"?
Marianne Meni
06 de janeiro de 2016

Aproveitando que estamos apoiando o desafio #30diasbichoeplanta, resolvemos fazer uma série de posts ao longo deste mês que trazem informações com relação à alimentação. E nada melhor para começar do que uma indicação de filme para entrar de cabeça num assunto que está em alta ultimamente: o consumo de açúcar é realmente prejudicial para o nosso corpo.

Existe tanto a falar sobre isso, que fica difícil saber por onde começar. Não sou nutricionista, muito menos especialista no assunto, sou apenas mais uma pessoa interessada em buscar alternativas ao consumo exacerbado de produtos industrializados, cheios de calorias vazias e com açúcar “escondido” e que não acrescentam nada à nossa saúde.

Desde que resolvi ter a corrida e o esporte como partes essenciais do meu dia a dia, comecei a prestar muito mais atenção na minha alimentação e buscar informações sobre o que realmente é melhor para o meu corpo, não tanto esteticamente, e muito mais fisiologicamente. Afinal, preciso muito dela como aliada para me manter cheia de energia e vitalidade para aguentar a rotina puxada de treinos e trabalho. No meio dessa eterna busca, encontrei diversos livros e filmes sobre alimentação e a indústria alimentícia, dentre eles, um que me chamou bastante a atenção foi o documentário “That Sugar Film”, (Açúcar! em português), lançado no ano passado.

Qual a primeira coisa que nos vem à cabeça quando pensamos em açúcar? Doces! Sobremesas de dar água na boca como chocolates, balas, brigadeiro, bolo, refrigerantes, etc., certo? Isso realmente está repleto de açúcar, porém, é bastante explícito e sabemos que ele está lá. O que muita gente não sabe, é que o açúcar está escondido em diversos alimentos industrializados, vistos como “saudáveis” e “light”: pão integral, bolachas de água e sal, barrinhas de cereal, granola, iogurte sem gordura, molhos de tomate e muitos outros produtos que teoricamente deveriam ser aliados em nossa dieta, e que inclusive nos são vendidos como tal. O objetivo desse açúcar, é deixar o alimento mais saboroso, principalmente quando falamos dos “light” e “low fat” — afinal, tirando a gordura, o que sobra para dar sabor (e fazer você querer sempre) mais é o tal do açúcar.

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Além de viciar nosso paladar em sabores docinhos, fazendo comida real parecer um insossa, tem um outro motivo pelo qual gostamos tanto do gosto do açúcar. Existem evidências científicas e testes feitos em roedores que comprovam que o açúcar ativa pontos de prazer no cérebro, assim como as drogas ilegais, chegando a ser oito vezes mais viciante do que a cocaína. Chocante como estamos sendo enganados pela indústria alimentícia, né?

That Sugar Film”, mostra o experimento de Damon Gameau, um australiano que leva uma alimentação super saudável, baseada em alimentos naturais, e pratica atividades físicas diariamente, e que decide passas dois meses consumindo o equivalente a 40 colheres de chá de açúcar por dia (a média do consumo australiano) para ver a reação do seu corpo. Mas tem um porém, ele não vai alterar a quantidade de calorias ingeridas em sua dieta normal, e o mais importante: ele não pode chegar nem perto de fast-food, doces, sorvetes etc. Como ele vai fazer isso? Ele consumirá as 40 colheres comendo somente alimentos industrializados considerados saudáveis.

Sim, é isso mesmo. Ele vai se alimentar apenas de todos alimentos rotulados “low fat”, “light” ou “saudável”, mas que no fundo estão cheios de açúcar. Daí a gente pensa: “nossa, 40 colheres é um absurdo”, mas é aí que nos enganamos. Logo no início já vemos a facilidade em consumir açúcar nos produtos cotidianos, só em seu primeiro café da manhã haviam 25 colheres de açúcar – tudo em isso em uma granola, iogurte sem gordura e suco de fruta. Imagina o pessoal que come isso diariamente achando que está sendo saudável? Pois é…

Damon também viaja pela austrália e Estados Unidos investigando as consequências de uma dieta rica em açúcar, e discutindo assuntos relacionados à saúde e negócios com cientistas, médicos e jornalistas renomados. O filme é bem direto ao ponto, tem bastante embasamento profissional e teórico, e mostra a mudança drástica que o corpo de Damon sofreu, tanto internamente quanto externamente. Vale muito a pena assistir e acompanhar de perto os malefícios do consumo excessivo do “açúcar escondido”. No final, tem até uma musiquinha de brinde:

Estamos acostumados desde cedo a consumir produtos industrializados e cheios de açúcar, isso é “normal” para todos nós, que confiamos na indústria. É bastante comum ver crianças de 2 anos tomando refrigerantes, antes mesmo de conhecer frutas. Inclusive vemos o açúcar como uma recompensa! E quando alguém resolve seguir um estilo de vida mais saudável e eliminar industrializados da dieta, é taxado como exagerado, quando na verdade, o açúcar é o verdadeiro vilão e nós nem percebemos.

Se você também ficou impressionado, deixamos aqui um convite a todos pra tentar se informar antes de comprar um alimento. Não é só porque o rótulo diz “sem gordura”, “fitness”, “integral”, “zero calorias”, que significa que isso é bom pra você, ou que as marcas estão te dizendo toda a verdade. Claro que não precisa eliminar completamente o açúcar da sua dieta (mas se você quiser, como o Damon fez, tudo ótimo também), mas pelo menos diminua o consumo e, mais importante ainda, seja mais consciente com suas escolhas. Comece a ler os rótulos dos alimentos e busque comprar aquilo que realmente faz bem pra você – por menos industrializados e mais comida de verdade. 🙂

 



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