Amigos do Sao Paulo Saudavel
06 de fevereiro de 2017

Com a Serra do Mar ao fundo, a região da Serra do Guararu é um tesouro de 4 mil hectares de Mata Atlântica preservada, entre restingas, praias, cachoeiras e manguezais, distribuídos ao longo do Canal de Bertioga. O chamado “Rabo do Dragão” é o maior conjunto de ecossistemas preservados da região do Guarujá, cujos atributos naturais e beleza cênica levaram o Condephat a declarar o local tombado pelo patrimônio, em 1992, fazendo frente também às ameaças da degradação dos manguezais, à especulação imobiliária e à ocupação desordenada.

Nesse cenário, a busca por valorizar os usos sustentáveis da Mata Atlântica merece cada vez mais atenção de iniciativas como a do Restaurante La Marina, com sua gastronomia baseada nas matérias-primas de qualidade e de produtores locais. Ao reconhecer as tradições das comunidades e o pequeno agricultor, a culinária auxilia na preservação do bioma e de suas espécies nativas.

Vieiras grelhadas em manteiga de crustáceos, creme de inhame com taioba, emulsão de cambuci e caroço de jaca torrado. Felipe Cruz - Restaurant La Marina Foto: Mar Franz

Vieiras grelhadas em manteiga de crustáceos, creme de inhame com taioba, emulsão de cambuci e caroço de jaca torrado. Felipe Cruz – Restaurant La Marina
Foto: Mar Franz

Mais um passo nesse modelo foi dado com o evento Cozinha Viva La Marina, que chegou à sua 4ª edição nos últimos dias 27 a 29 de janeiro, apresentando ao público a cozinha com ingredientes artesanais de qualidade e vindos do sistema da agricultura familiar. Revela-se ainda a mensagem que os ingredientes da Mata Atlântica, onde estamos inseridos, conservam a floresta.

“É possível fomentar aos poucos a consciência para a produção local e orgânica. Ao resgatar esse produto da agricultura familiar também fazemos a região se desenvolver. Ou seja, criamos uma cultura gastronômica que melhora a situação da economia local”, explica o chef do La Marina e idealizador do evento, Felipe Cruz. Ele acredita que a comida artesanal e o refinamento da gastronomia andam juntos, devendo-se democratizar as vivências gastronômicas, o qual foi o objetivo do festival.

Com as novas paletas de Jabuticaba, Cambuci, Uvaia e Juçara com Banana, a ONG Instituto Auá revelou ao público os sabores da Mata Atlântica, que nascem de um amplo trabalho de cultivo de nativas por pequenos produtores como estratégia para conservação do bioma. Geleias, conservas, licores e cachaças da Rota do Cambuci também foram expostos no festival e, de forma inédita, o empório do La Marina passa a comercializar dezenas de derivados desses produtores na loja, aumentando o acesso do público aos alimentos que implicam em preservação da natureza.

Tamboril ao forno em farelo de pão temperado, mousseline de taioba, jardineira de legumes e bisque. Foto: Raphael Criscuolo

Tamboril ao forno em farelo de pão temperado, mousseline de taioba, jardineira de legumes e bisque.
Foto: Raphael Criscuolo

A diversidade do festival contou ainda com produtos orgânicos cultivados por agricultores de Taiaçupeba, em Mogi das Cruzes, pratos de comida mateira, práticas tradicionais como o fogo de chão, café da manhã com frutos da Mata Atlântica, entre outras criações que permitiram aproximar chefs, produtores e o público do evento.

Enquanto isso, a relação entre esses ingredientes e o cardápio do La Marina permanece ao longo do ano, com ênfase para o Cambuci, que além de compor as receitas salgadas, brilha no Mousse de cambuci com queijo branco, hoje o carro-chefe das sobremesas do restaurante. E a natureza agradece ao despertar o interesse do público!

Por Heloísa Bio