Letícia Genesini
16 de junho de 2016

Quem tem o privilégio de viver perto do Ibirapuera e outras áreas hiperarborizadas de São Paulo às vezes esquece que essa metrópole não é bem assim. São Paulo tem apenas 2,6m² de área verde por habitante (o recomendado pela OMS é 12m²/habitante), ainda é muita gente pra pouca árvore. Isso não impacta apenas na saúde do nosso corpo, mas também na nossa visão de mundo. Por isso o Instituto Alana lançou essa semana em São Paulo e no Rio seu novo braço, o Projeto Criança e Natureza que busca “viabilizar o caminho de volta das crianças para a natureza”.

Não cansamos de achar novos estudos dizendo que crianças que crescem em contato com à natureza, comem melhor, se importam mais em preservá-la, tem mais empatia etc… Quem explica isso muito bem é o jornalista e escritor norte-americano Richard Louv, que cunhou o termo não médico Transtorno do Déficit de Natureza. Ele esteve presente no evento de lançamento do projeto lançando também a edição em português do livro ‘A Última Criança na Natureza’ (‘The Last Child in the Woods’).

E por onde começar essa reaproximação? Mais brincadeiras, menos brinquedos “Esses brinquedos são tão atraentes aos olhos de filhos – e também dos pais – que substituem em grande parte o tempo que as crianças têm para brincar fora de casa, seja no pega-pega, no esconde-esconde ou subindo em árvores – atividades frequentes nas gerações passadas e, até mesmo, nas gerações dos últimos dez anos”, explica Louv.

Os benefícios vão além do estudo, e nós sentimos isso na pele: a importância indiscutível do contato com a natureza para o desenvolvimento social, intelectual, emocional, espiritual e físico. Mas por mais que possamos sentir isso, é uma discussão que acaba escapando pelo nosso dia-a-dia frenético. E por isso a importância do lançamento do projeto.

“A reaproximação das crianças com a natureza ainda é um debate desarticulado e pulverizado. Queremos comunicar a sociedade sobre sua importância e impactos positivos do contato e experiência direta da criança com a natureza”, explica Laís Fleury, diretora do Projeto Criança e Natureza. “Vamos fazer isso por meio da produção, fomento e disseminação de conteúdo sobre a importância da conexão da criança com a natureza, por meio da brincadeira não estruturada, além de influenciar políticas públicas e incentivar o acesso às experiências diretas do contato com a natureza”, complementa Laís.

 



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