Em 2016 a Cia Mungunzá de Teatro buscava uma sede para abrigar seus trabalhos, mas não só isso, ela queria que seu trabalho tivesse uma relação mais direta com a Cidade. A solução não poderia ser melhor, a subprefeitura da Sé lhes deu a concessão do lote localizado na Rua dos Gusmões, número 43, Santa Efigênia, para implementação de inúmeras possibilidades artísticas e educacionais no local, que tornou-se o Teatro de Contêiners.

O terreno de aproximadamente 1000m2 era mais um dos “vazios urbanos” da nossa cidade – uma área pública com grande potencial sociocultural, mas que se mantinha sem utilização pública plausível. A Cia não só ocupou o espaço, como utilizou os ganhos de 9 anos de trabalho (aproximadamente 350 mil reais) para revitalizar a área. O espaço construído preservou grande área livre e abriga onze contêineres, que funcionam como sede e acolhem o funcionamento das mais diversas manifestações artísticas (shows, apresentações teatrais, cinema ao ar livre, etc), educacionais e esportiva.

O resultado foi tão impressionante que o projeto acabou de ser indicado ao Prêmio Shell na categoria inovação pelo uso arquitetônico inédito voltado para o teatro, inserido em região degradada do Centro de São Paulo. E tem alguns detalhes que nos fez nos apaixonar, como o banheiro unissex e inclusivo e a hortinha orgânica comunitária.

O espaço vai contra as renovações do centro de São Paulo que acabam criando lazer apenas para a população de bairros nobres. A manutenção da área livre garante isso. Lá vê-se moradores locais, inclusive da rua, passando seu tempo na praça que se formou, jogando um futebol, enquanto novos visitantes chegam para assistir às peças. O camarim dos atores fica à mostra, não só trazendo um pouco do espetáculo para rua, mas evidenciando os mundos em que podem estabelecer trocas.

A proposta da Cia Mungunzá é unir-se àquelas pessoas/grupos que contribuem com o Poder Público na manutenção de áreas de lazer, esporte e cultura, com o exercício diário e vivido da democratização dos espaços públicos. Contribuindo para a construção de uma cidade mais humana e mais plural, e, de quebra, conquistando a autonomia de destinar verbas antes direcionadas aos alugueis, ao desenvolvimento artístico de um todo, possibilitando uma existência mais sólida e duradoura.

Para saber da programação do teatro, visite sua página na internet.

Texto adaptado do site da Cia
Fotos divulgação e Liége Lise