Letícia Genesini
04 de julho de 2016

Há pouco mais de um mês, o Victor, um de nossos fundadores, criou um desafio para si mesmo: ser vegano (ao menos na alimentação) por um mês. Foi uma aventura que trouxe muitos aprendizados a ele, quanto a nós. Victor não era nem vegetariano quando se propôs o desafio, mas nas semanas que antecederam a proposta parecia que o mundo conspirava a favor disso: convite à jantares veganos, aulas de culinária e livros sobre o assunto não paravam de chegar. E como bom Ironman, ele não ia se curvar ao desafio.

A pergunta que todo mundo faz. Foi difícil? Ele diz um firme ‘não’. Apesar de não ser nem vegetariano, sua alimentação já era baseada em vegetais. Mas houve, como toda mudança de estilo de vida, um período de adaptação, principalmente em relação aos treinos: era preciso re-pensar os pós e pré-treinos que já estavam no automático, e isso foi na tentativa e erro, mas logo ele já estava somando os quilômetros com o mesmo desempenho de antes — à contragosto de alguns céticos.

Mas você não sentiu falta das coisas? Ele confessa que sentiu um pouco de saudades de peixe, principalmente sushi que já faz parte da vida da maioria dos paulistanos, mas a contrapartida valeu muito a pena. Mas para quem acha que vegano não come nada, vale lembrar que para mentes abertas, uma restrição acaba sendo estímulo à criatividade. Isso é o que acontece com a culinária vegana, que passa a explorar alimentos de uma maneira original, como os deliciosos leites vegetais que hoje amamos (inclusive nós não veganos). E no final, essas descobertas na cozinha foi parte mais divertida, tanto pra ele quanto para nós.

Nem todos veganos são criados iguais. Todo mundo tem um pré-conceito (nem que seja positivo), quando ouve a palavra “vegano”. Tem quem pense que todo vegano tem uma alimentação saudável, e há quem pense que todo vegano é eco-chato. Mas, claro que nada é simplístico assim. Do mesmo jeito que as pessoas não veganas não tem a mesma alimentação e o mesmo estilo de vida, aqueles que optam por esta linha também são diferentes e únicos. Há veganos que fazem esta escolha pensando em questões ambientais, ou por não quererem matar animais, ou por descobrirem que para eles esta dieta é mais saudável, ou por não gostar mesmo de derivados animais. Há veganos que só se alimentam de planta, como há veganos que amam coca-cola. Por causa do desafio nós conseguimos conhecer, ouvir, e empatizar um pouco com cada um deles — mesmo com aqueles que não seguem nosso ponto de vista, o que é o mais importante!

Vai seguir vegano? A pergunta que não quer se calar. A resposta? Em casa, que é onde ele faz sua maior parte de refeições. Lógico que a pesquisa sobre formas alimentares não acaba com o fim do desafio, mas o que Victor fez, é o que convidamos a todos provarem: conhecer, pesquisar e vivenciar diferentes visões sobre a alimentação; tentar se desprender dos preconceitos; se apresentar as questões éticas acerca do ato de comer, e fazer a decisão que faz sentido para você.

Nós do São Paulo Saudável somos uma tribo bem eclética, e gostamos muito disso. Ninguém segue o mesmo tipo de alimentação, ou estilo de vida e por isso mesmo acabamos aprendendo muito uns com os outros. A alimentação traz questões muito complexas acerca de saúde pessoal, meio ambiente, estrutura social, cadeia produtiva, comércio etc… e como todo sistema complexo, não há uma verdade absoluta, mas pontos de vista que colaboram entre si para construir um novo conhecimento. É isso que esperamos fazer, não dizer que há um São Paulo Saudável, mas São Paulo Saudáveis, que estamos criando juntos, não em competição, mas em colaboração.

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