Amigos do Sao Paulo Saudavel
05 de julho de 2016

Hoje convidamos a Carol Cruz para contar sobre transição. Depois de quase 7 anos trabalhando em um escritório de advocacia, ela fez o que muita gente gostaria de fazer, voltou de viagem e no mesmo dia pediu demissão. 

Há algum tempo já estava pensando em sair daquele “looping” diário, trabalho-casa, casa-trabalho, que envolve a maioria dos paulistanos… Eu não sou o tipo de pessoa que reclama de tudo, pelo contrário, sem parecer muito clichê, sempre tentei ao máximo tirar as melhores experiências daquilo que eu estava vivendo. Gostava bastante do lugar onde eu estava, o que eu fazia, das pessoas com quem eu trabalhava… enfim, eu deveria estar “satisfeita”, afinal estava me dedicando há quase 6 anos para as mesmas atividades, fazia aquilo com tranquilidade, naturalmente…

Não sei bem ao certo quando me dei conta, mas na realidade era justamente este o problema, eu não estava mais pensando, escolhendo, determinando… eu simplesmente fazia, era um hábito! Eu acordava de manhã, ia para o trabalhao, fazia o que tinha que fazer, as vezes ia para a pós e voltava pra casa…fiz isso inúmeras vezes. Minha vida se resumia nisso…

Em determinado momento, no final da minha pós graduação, prestes a entregar minha monografia, quase histérica – como a maioria das pessoas ficam nessa época – me dei conta do que eu estava fazendo comigo mesma.

Não pense que foi assim, de imediato, que eu percebi… Demorei…Fiquei pensando, fiz reflexões, será que eu não estou exagerando?! Afinal a maioria das pessoas tem a vida parecida com a minha…

Finalmente chegou o esperado “fim de ano” e junto com isso veio as merecidas e necessárias “férias”, que eu tanto gostava e aguardava!! Coincidentemente escolhi para desfrutar esses dias, dois destinos brasileiros e, até um pouco, peculiares: Alter do Chão-Pará e Pipa-Rio Grande do Norte. Para quem conhece esses locais sabe bem que estes levam, ou melhor, trazem, muita bagagem…bagagem de verdade: natural, espiritual e conceitual. Me explico, primeiro, natural, porque definitivamente eu não estou acostumada com a diversidade de paisagens que eu vi em tais lugares; segundo, espiritual, porque a energia que você sente é inexplicável, claro, pra quem vive em São Paulo, lugares onde a natureza é mais presente, é mais fácil e perceptível a energia que circula; e por fim, a conceitual, quebrar modelos, padrões e paradigmas de uma vida inteira, não me diga que é fácil, porque não é!

Aí, nessa oportunidade, que eu me dei conta que eu não enxergava o mundo, ou melhor, eu mal conseguia me enxergar, imagina o mundo. Foi nesse momento que eu resolvi me dedicar ao um processo de auto conhecimento que eu tinha deixado de lado há tempos. Eu ia “conforme a dança” literalmente, comia nos mesmos restaurante, frequentava os mesmos lugares, saia com as mesmas pessoas e nunca saia daquela famosa zona de conforto, nem para experimentar novas comidas. Sabe aquela coisa de ir sempre no restaurante e pedir o mesmo prato?! Então!! Exatamente!! Foi então que eu saí disso para encontrar algo novo, nas comidas, no trabalho, nos meus interesses, nas minhas prioridades, em tudo!

Voltei para São Paulo e pedi demissão, queria sair…

Minha saída do trabalho foi só a materialização do que estava acontecendo internamente comigo, sair do meu “eu” e poder vê-lo de fora e para fora. Queria experimentar as mesmas coisas de novo, ou pela primeira vez, e saber se eu gosto de verdade, se é bom e se, pra mim, aquilo faz bem…

Procurei no dicionário o significado de “sair” e sabe o que eu encontrei?! A definição perfeita*: passar a raia, os limites; tirar-se de onde estava; aparecer aos sentidos, justamente era esse meu sentimento, queria ultrapassar todos meus limites, queria me conhecer de fato, ver e acreditar no sentido do que me faz estar aqui…Queria ser e estar plena!

Por Carol Cruz

*“saída”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, [consultado em 17-06-2016].

A Carol também indicou para nós uma série documentário que mostra a história de pessoas que, por um motivo ou outro, estão em uma significativa transição. Vale a pena ver todos, mas o que ela mais gostou foi o episódio 6:

 



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