Letícia Genesini
25 de de 2016

Conhecemos a Elô da Lá do Mato Saboaria quando estávamos fazendo a matéria sobre xampus em barra naturebas (essa aqui ó), e de cara ficamos encantado com o trabalho dela. Tanto que fomos à uma oficina de saponificação, não só aprender a fazer nosso próprio sabão, mas também entender mais deste universo através do trabalho da Lá do Mato.

O papo foi longo, bom e delicioso, e realmente indicamos que quem puder faça uma oficina com a Elô, mas enquanto isso a gente conta o que aprendeu.

O Ritual do Banho

Antes de ser uma necessidade de higiene, o banho era um ritual de purificação, para limpar não só o corpo, mas a alma e os sentimentos. Ainda que o lado prático pareça prevalecer, no fundo ainda guardamos muito dessa origem. Ainda falamos que banho re-energiza, que banho descarrega.

Na correria do dia a dia, banho um lugar de tanto de fuga, de um break da rotina, quanto de reflexão — as melhores ideias vem no chuveiro, não? O que amamos no banho, não é a higiene medicinal, das bactérias, da sujeira, é a água escorrendo, é a limpeza como uma demonstração de carinho por nós mesmo. É curtir a nossa pele e um momento em nossa própria companhia.

“Atualmente nos preocupamos muito com a saúde e alimentação mas acabamos esquecendo que a pele é o maior orgão do corpo humano, então é mais que importante olharmos para ela com carinho e cuidado e escolhermos bem o que colocaremos sobre ela. (…) Na correria do dia a dia acabamos encarando o sabonete como um item banal, usamos todos os dias mas nunca damos importância e enxergamos a sua real função. Além de estar presente no nosso momento mais íntimo e relaxante, o sabonete deve eliminar as impurezas, hidratar, manter a umidade da pele e também pode ser a porta de entrada para uma vida mais sustentável”, conta Elô em seu texto Por quê usar um sabonete natural?

E isso leva a um outro ponto:


A saúde não é só comer bem e treinar.

De fato, se quem se preocupa com a alimentação natural muitas vezes é visto como o chato do grupo. quem se preocupa com a origem do seu sabão então, é o chato mesmo em grupos de naturebas. Mas do mesmo modo que a industria alimentícia taxa de saudáveis alimentos cheios de aditivos, a industria da cosmética tradicional também peca em não fazer produtos tão bons quanto seus claims.

Hoje todo mundo sabe a palavra chave a evitar Parabeno. Esse componente usado como conservante pode alterar os hormônios dos nosso corpo, e por isso há pesquisas hoje estudando a provável relação dele com certos cânceres. Outro aditivo problemático no sabonete é a sílica, cujo acúmulo pode ser ligada à quedas capilares!

Estes são apenas alguns exemplos, mas meu ponto é: se devemos prestar atenção no que comemos diariamente, porque achamos que a escolha do sabonete, algo que participa de um momento íntimo diário seria menos importante?

A Glicerina

As principais diferenças entre um sabonete artesanal e o industrial, é que o primeiro tem a querida glicerina, que é capaz de manter a hidratação natural da pele (porque na realidade não precisamos de hidratação a mais, precisamos cuidar da que já temos). Acontece que ele é um ingrediente caro para a indústria usar em um produto assim tão cotidiano, então ela prefere retirar a glicerina de sabões e usá-la em cosméticos. “Isso faz com que os sabonetes comuns sejam apenas um detergente perfumado com ingredientes artificiais e sintéticos, que não trazem nenhum benefício para a pele”.

E os sabonetes glicerinados? Bem, em sua grande maioria feitos a base de gordura animal, o que explica porque seus amigos veganos não compram sabonetes deles em farmácias.

Cuidado Holístico

Como falamos, uma saboaria natural não pensa apenas no lado físico. Não é só a questão de não ter aditivos e ter glicerina. É uma técnica artesanal que busca retomar o lado holístico do banho. Por isso trabalha com manteigas vegetais e óleos essenciais estudados e escolhidos a dedo pelo artesão para que além de hidratar e perfumar potencializem seus fins terapêuticos.

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