Iniciativas

WAKE: Acorde e vá para balada

Conheça essa balada diferente
Letícia Genesini
25 de maio de 2016

Que tal, em plena quarta-feira, acordar mais cedo e ir para uma balada às 7h30 da manhã? Essa é a WAKE, muito mais que uma festa, um projeto que te convida a despertar de um novo jeito.

Semana passada aceitamos um convite inusitado: acordar cedinho, em plena quarta-feira fria e cinza para ir para uma balada. Desde o primeiro momento que ouvi sobre a ideia, me apaixonei. Eu amo uma pista de dança, mas tenho horror a ir dormir tarde — e tarde eu quero dizer depois das 22h30. A Wake parecia reconciliar esses dois lados meus. Saí contando para todo mundo, e as reações eram as mais engraçadas. Se eu tivesse contado para o pessoal que eu estava indo para um treino, ok, já é de se esperar. Mas balada?

O que eu mais ouvia é que às 7h30 da manhã eles não estariam em clima de balada. Refleti um pouco sobre a questão, e percebi que de fato a resistência deles não se dava apenas pelo sono de ter que acordar cedo, mas pela própria ideia que alguém tem de balada. Para a maioria, este tipo de festa é uma maneira de se perder — na noite, na luz negra, no som da pista, nos drinks, na novas amizades. Mas não para mim. Eu gosto da música, da dança, das pessoas, e de ter meus sentidos despertos para essas experiências. De fato, a Wake era para mim. Para mim, e para as várias outras pessoas que embarcaram nesta e em outras baladas matutinas ao redor do mundo. Mas entendam, não se trata de mudar apenas o horário da balada, e sim propor um novo formato e significado à celebração.

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A festa iniciou com uma prática de yoga, que resistiu às gotas de chuva que caíram no espaço aberto da Casa 92. Às 8h15 abriu a pista de dança, trazendo DJs, performances, e inclusive uma estação de cabelereiro (quem nunca cortou o cabelo na balada, né?). Ao invés de bons drinks, tinhamos bons sucos, e muita comida boa, saudável e vegetariana. Além disso todos os serviços e produtos são dados de forma gratuita pelas marcas que apoiam o projeto e 100% do lucro da venda de ingressos é doado para projetos sociais locais. Neste ano o beneficiado foi a CTC Digital, uma escola social de marketing digital para jovens que estão ou finalizaram o ensino médio na rede pública. Às 9h15, uma cerimônia de encerramento celebra o fim do evento.

E depois deste deslocamento de perspectiva, de ter feito algo inusitado e novo, você continua sua vida. Muito diferente da pausa do fim de semana, do escuro da noite que separa a celebração do quotidiano como ume escape, a WAKE inclui a festa no seu dia. Um dissonância interessante que faz com que o projeto seja muito mais do que uma festa.

Seja promovendo novas experiências, encontros ou modelos de economias, mesmo que por apenas uma manhã, a WAKE traz um propósito maior por traz: a construção de um futuro coletivo diferente. E eu dou destaque a essa palavra: ‘diferente’. É uma iniciativa que não diz que a balada de manhã é melhor que a noturna, mas coloca um “por que não?”. Por que não acordar e ir para balada? Por que não misturar yoga e música eletrônica? Por que não rever o que a gente espera de uma celebração? E uma vez que a gente se permite, em plena quarta-feira, sair do automático, novas respostas são possíveis.

A Wake é uma iniciativa da HED (Human Experience Design), novo braço da consultoria de inovação consciente Mandalah, focado no design de experiências humanas. O projeto é liderado por Lourenço Bustani, sócio­fundador da Mandalah. Esta foi a segunda edição do evento que começou em fevereiro de 2015, com passagens em São Paulo e no Rio. E novas montagens virão por aí, fiquem ligados!