Comida

Oliq: o azeite brasileiro da serra da mantiqueira

Conheça um dos nossos azeites favoritos
Letícia Genesini
18 de fevereiro de 2018

Localizado em São Bento do Sapucaí (Serra da Mantiqueira), o azeite Oliq tem um lugar especial para mim. Foi o primeiro azeite brasileiro de pequeno produtor que eu provei. Apesar deles serem vizinhos do meu sítio, eu os provei a primeira vez na Enoteca Saint Vinsaint, que usa o azeite deles sempre. Foi amor à primeira vista. Por isso mesmo nossa Expedição da Terra ao Prato: Azeite Brasileiro será em suas terras.

Oliq é sociedade composta por três produtores: Cristina Gonçalves Vicentin e o casal Vera Masagão Ribeiro e Antônio Gomes Batista. Vera é paulistana e Cristina e Antônio são mineiros. Ela de Paraisópolis, bem na divisa com São Bento do Sapucaí, onde estão plantados os olivais da sociedade, e ele de Itabirito, cidade próxima a Ouro Preto. Nenhum dos três entendia nada de agricultura ou de azeite. Vera e Antônio são doutores em educação e, Cristina, em psicologia. Os três atuavam ou atuam ainda na área da pesquisa ou da docência na graduação e na pós-graduação. O azeite veio como uma paixão.


O lema de Oliq é o de que a excelência da qualidade de seu azeite conta tanto quanto o modo de produzir: a cada safra, o azeite tem de ser bom e gostoso, mas a Mantiqueira tem de ser preservada, sua rica cultura precisa ser valorizada e o desenvolvimento do entorno impulsionado. É nisso que Oliq aposta.

Cristina é quem iniciou o plantio de oliveiras, em 2003, em sua propriedade – parte da fazenda São José do Coimbra – herdada de seu avô, um português que sonhou plantar pereiras no alto da serra da Mantiqueira, num maciço bem diante da Pedra da Baú. Cristina quis plantar oliveiras, lembrando-se da época em que, na região, eram relativamente comuns pomares de azeitonas. Entre 1940 e 1970, a Mantiqueira experimentou, com efeito, o cultivo dessa plantinha rara no País. São Bento do Sapucaí, por exemplo, foi conhecida como a “Capital das Oliveiras”. Campos do Jordão extraiu seu primeiro azeite em 1964.

Em 2003, embora a cultura já tivesse sido abandonada na região, Cristina conseguiu reunir mudas desses antigos pomares, em São Bento, na Coordenaria de Assistência Técnica Integral (CATI) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, para plantar seu primeiro talhão. Acabou convencendo seus amigos Vera e Antônio a fazer também o mesmo, em 2009, depois que a Epamig – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – desenvolveu, em sua fazenda experimental em Maria da Fé, pesquisas que resultaram numa nova onda de plantio de oliveiras na região. Os três acabaram plantando, aos poucos, cerca 13 mil pés, em duas fazendas. A São José, de Cristina, e a São Antônio do Bugre, do Vera e Antônio. Nessa última fica o lagar, a unidade de extração, com equipamentos importados da Itália e um conjuntos de protocolos de controle de qualidade. O lagar presta serviços a outros produtores da região também, que, como é tradição em lagares e moinhos, pagam por esses serviços em produto.

Em 2017, Oliq produziu sua quarta safra. Os azeites são sempre analisados em laboratório certificado, que realiza as medidas químicas exigidas pela legislação. O índice de acidez (que mede a proporção de ácidos graxos livres em relação aos ácidos oleicos é inferior a 2% – são considerados extravirgens os que possuem uma proporção menor que 6%). Além disso, Oliq utiliza um segundo critério, não exigido pela legislação brasileira: a análise sensorial, para o que contrata especialista que, ao final da safra, prova todos os lotes produzidos.

Além de azeites de oliva puros (meu favorito é o de arbequina), eles também possuem azeites aromatizados, óleo de abacate e cosméticos naturais feitos à partir do azeite.

(fonte: divulgação)