Iniciativas

Flores Para Os Refugiados

Mãe vende arranjos de flores para financiar filha adolescente que é voluntária na crise dos refugiados na europa
Letícia Genesini
21 de novembro de 2016

Depois de 85 dias trabalhando como voluntária independente na crise dos refugiados, Gabriela Shapazian voltará para a Grécia em 28 de novembro. Serão 50 dias em diferentes pontos da Grécia e depois, a partir de 23 de fevereiro, mais 40 dias em Calais, na França, um dos maiores campos de refugiados na Europa atualmente. E ela fará isso, com a ajuda da mãe, Kety, uma flor por vez. Esse é o projeto Flores para os Refugiados.

No final do ano passado, mãe e filha, sensibilizadas com a crise dos refugiados na Europa, foram como voluntárias para ilha grega de Lesvos, que recebeu quase 500 mil pessoas apenas em 2015. O plano era ficar 16 dias, que acabaram tornando-se 45 dias acolhendo os refugiados que atravessavam o Mar Egeu em botes infláveis e barcos de madeira, com comida, roupa ou mesmo um abraço de acolhimento. “Ajudamos sírios, afegãos, iraquianos, iranianos, paquistaneses, congoleses, nigerianos. Pessoas da Eritreia, do Sri Lanka, de Bangladesh. Enfim, pessoas fugindo de guerras, conflitos, perseguições sociais ou religiosas, e terrorismo. Muitos dos refugiados que recebemos em janeiro continuam esperando por asilo, emprego e escola. Eles fugiram para a Europa achando que o continente iria acolhê-los, mas tudo que conseguiram foi cair num limbo no qual não conseguem mais sair”, conta Gabriela.

13248350_1725020674437386_2022674979953207338_o

Gabriela também atuou em Atenas com crianças e adolescentes refugiados. “Brincar, conversar, fazer as refeições com eles, enquanto o mundo finge que não existem, é vital já que crianças e adolescentes fazem parte do grupo mais vulnerável da crise. Segundo a ONU, 1 em cada 200 crianças no mundo hoje é refugiada”, conta. Vale ressaltar que segundo a Europol, apenas em 2015, 10 mil crianças sumiram depois de entrarem na Europa.

Ao final do mês Gabriela volta para Atenas e Lesvos que está em situação ainda mais crítica desde o fechamento da fronteira com a Macedônia, com cerca de 57 mil refugiados mantidos em compasso de espera, morando em campos onde a situação é muito precária. Com outros voluntários eles planejam construir escola e cozinha em pelo menos um desses campos, no norte do país. A nova experiência será em Calais, ao Norte da França, com quase 10 mil refugiados, entre eles quase 600 menores desacompanhados. “Quando me perguntam por que faço isso digo que não vejo diferença entre uma adolescente refugiada e mim. Elas querem viver em paz, ir para a escola, ter uma casa. Elas querem uma vida normal. Não é o que todos nós queremos?”.

14715523_1784220958517357_6074652687715709848_o

15056440_1802390033367116_8561172810418946351_n

Para viabilizar a viagem da filha, Kety começou o projeto Flores para os Refugiados, vendendo flores no semáforo das avenidas Semaneiros com a Pedroso de Moraes, no Alto de Pinheiros. Depois disso passou para feiras e inclusive um crowdfunding. A última ação foi ontem na nossa feira, e em 8 dias Gabriela parte para Europa, mas daqui podemos continuar acompanhando através da página no Facebook, e lançando a luz e humanidade na questão dos refugiados.

 



leia mais sobre refugiadossolidariedade