Comida

Desayuno na Comedoria Gonzales

Café da manhã no mercado de pinheiros
Letícia Genesini
20 de maio de 2016

Café da manhã é a refeição que mais denuncia origem. Prove propor a um italiano comer algo salgado assim que acordar, para ver só a reação. E qualquer brasileiro estranha ver arroz no prato matinal de japoneses, e feijão no de mexicanos. Mas descobrimos um motivo mais que apetitoso para você esquecer o pão com manteiga e dar um sabor a mais na sua rotina: o Desayuno andino da Comedoria Gonzales.

Localizado no Mercado de Pinheiros (lembra quando contamos?) , o restaurante do chefe boliviano-paulistano Checho Gonzales está na rota matinal de muita gente. Seguindo a tradição da sua auto batizada “cozinha de imigrantes” agora ele traz um café da manhã com raíz boliviana, alma andina, pensado para o paladar paulistano, e ao final não estranhamente muito ligado também à cultura alimentar de raíz brasileira.

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O carro chefe, e que foi o meu favorito, são as mandiocas cozidas e depois passadas na chapa com manteiga, servidas com vinagrete e ovo frito. Mas é também preciso experimentar as Humintas — espécie de muffin de pamonha assada feito com queijo curado e sementes de coentro —, e os Cuñapes, primo do nosso pão de queijo, preparado com polvilho e queijo fresco, e assadinhos na hora. Qualquer uma dessas três sugestões estão disponíveis das 8h às 11h pelo preço de R$9, e são acompanhadas por um cafézinho coado de um blend especial do Sofá Café, feito com Bourbon amarelo.

 

Huminta

Huminta

Cunãpés

Cunãpés

Depois das 11h começa o menu da casa que é abastecido pelos fornecedores do próprio mercado. Nosso destaque é para o ceviche com suco de cambuci, uma combinação de sabores e tradições de diferentes ponto das Américas — o ceviche andino com o cambuci paulista — que casa perfeitamente com a gastronomia proposta pelo Chef e o local, já que a poucos passos encontramos no box do bioma da Mata Atlântica produtos da Rota do Cambuci do Instituto AUÁ (leia mais sobre aqui).

Estes caminhos cruzados não são mera coincidência. Trata-se de um encontro de culturas que ao mesmo tempo são irmãs e dissonantes tão próprio do ser paulistano e latino americano. O resultado é um paradoxal avesso do avesso, ao mesmo tempo próximo e estrangeiro a nós, mas indiscutivelmente interessante e delicioso — soy loco por ti América!

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