Letícia Genesini
28 de março de 2017

Se você acompanha nossa série Puro Cacau já entendeu que chocolate de verdade é um produto muito melhor do que o que existe por aí, que o cacau é nativo da floresta amazônica, mas você sabia que um chocolate pode variar como o vinho? Se não, prove os chocolates Demendes e descubra!

A pessoa por trás da marca é Cesar de Mendes. Engenheiro de alimentos e pesquisador apaixonado pelo cacau da Amazônia brasileira, ele entrou nesse universo em 2005 quando a abriu a Amazônia Cacau depois de descobrir uma cooperativa do Pará que produzia seu próprio chocolate. Segundo ele, porém, o produto não se destacava, e os turistas pediam por algo mais exótico.

‘Exótico’. Essa palavra ficou em sua cabeça. Temos a ideia de que cacau será sempre cacau, mas como qualquer outra planta ela tem varietais. Se a uva tem Merlot, Cabernet, Malbec; o cacau também tem sua escala de aromas, mas a indústria não explora isso, pois vê a planta como uma simples commodity. A grande parte do chocolate mistura algumas (ou até inúmeras) variedades de três grandes grupos genéticos — forasteiro, criolo e trinitário — e até então não se encontrava uma barra que explorasse apenas um varietal. Assim, foi o que ele resolveu fazer — em 2013 de Mendes voltou para a cidade de Santa Bárbara no Pará, retomou o contato com extrativistas e abriu a Chocolate Demendes para fazer barra de varietais únicos da Amazônia brasileira.

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“Cada chocolate é diferente do outro. Há vários biomas dentro da Amazônia: cerrado, floresta densa, várzea alta e baixa, solos diferentes. O homem ainda não a conhece totalmente”, conta.

Para criar suas barras de Mendes vai em expedições, em parceria com comunidades, em busca de cacau nativo e especiarias da floresta que tenham uso tradicional indicados pelas populações locais. Além de desenvolver o produto, seu trabalho dá treinamento a essas comunidades, além de mapear o material genético, ainda pouco conhecido do cacau. Uma de suas barras Chocolate 65% é feito com a variedade de Cacau Jarí, até então não catalogado. De Mendes descobriu este  cacau em abril de 2014 em uma reserva extrativista de floresta primaria, no Rio Jari, e não só desenvolveu um produto exclusivo, mas enviou o material para ser estudado pelos geneticistas da CEPLAC (órgão do governo brasileiro responsável pela cultura do cacau).

“É um trabalho de valorização desses cacau e sobretudo um grande favorecimento para as comunidade envolvidas, para que eles possam vender o cacau por um preço melhor. (…) É um trabalho de inclusão social e ambiental, muita das vezes as pessoas das comunidades parceiras não são assistidas por políticas públicas, principalmente pelo isolamento geográfico, e o cacau e as especiarias da floresta se tornam meio e acesso dos direitos de cidadania.”

O chocolate dele não é tão fácil de ser achado. Eu particularmente só vi no Eataly e no Santa Luzia, mas vale a pena a busca.

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Para saber mais sobre chocolates artesanais, confira nossa tag Puro Cacau.