Comida

As melhores marcas de chocolate brasileiro Bean-to-Bar

Cacau amazônico, produção paulistana.
Letícia Genesini
13 de novembro de 2018

Você acha que o melhor chocolate do mundo é belga ou suíço? Vale lembrar que, quando pensamos nos Alpes o que vem à mente? Vacas. O chocolate deles é bom porque valoriza o que eles têm de melhor, o leite. Porém, o cacau é de origem amazônica, o que dá ao Brasil o potencial de ter o melhor chocolate do mundo.

Acha exagero? Pois, confira o resultado dos últimos anos de concursos internacionais, como o renomado Northwest Chocolate Festival, e veja como o Brasil fez o bonito e em peso. Quem são esses produtores? A gente conta aqui:

Mestiço Chocolates

A Mestiço Chocolates  é uma das poucas marcas no Brasil que faz um chocolate, como eles brincam, Tree-to-bar. Ou seja, eles mesmos plantam o cacau que usam em sua fazenda Bonança na Bahia, e fazem o chocolate em sua fábrica aqui na Vila Olímpia, São Paulo. Suas barras ganham o nome do varietal do cacau utilizado nas maravilhosas barras amargas. Eles também provam, porém, que chocolate bean-to-bar é para todos os gostos, pois não apenas têm excelentes (e premiados) chocolates ao leite, como são os únicos (que a gente conhece) a fazer chocolate branco sem aditivos (usando, claro a manteiga do cacau).

Mission Chocolate

Sem desprezar as barras amargas, outra marca que faz maravilhosos chocolates Bean-to-bar ao leite é a Mission.  À frente da marca, a californiana que vive no Brasil, Arcelia Gallardo, viaja pela América Latina em busca dos melhores cacaus. Suas barras contam a fazenda de origem do cacau (grande parte da Bahia), além de revelar a criatividade da confeiteira trazendo outros ingredientes brasileiros para a mistura, como a goiaba, o cupuaçú, e o umbu. Além disso, suas embalagens têm um design tão lindo que você vai ficar com dúvida entre comer sozinho ou dar de presente.

Luisa Abram

Antes localizada na menor fábrica de chocolate do mundo — o quarto de empregada do apartamento dos pais —, Luisa Abram faz não apenas um dos melhores chocolates do Brasil (e do mundo), como um trabalho lindo com a produção do cacau. Suas barras têm os nome dos rios amazônicos de onde veio seu cacau, pois ela trabalha exclusivamente com o cacau selvagem (que nasce na floresta, e não em plantações) obtidos por comunidades coletoras (pagando muitas vezes mais do que grandes marcas pagariam). Além disso, sempre que ela encontra um cacau que não conhecia ela manda para pesquisa genética (o cacau, principalmente o selvagem, ainda é um fruto muito múltiplo, saiba mais nessa entrevista). Para valorizar ainda mais o cacau, ela trabalha só com barras 75% ou 81%, e apenas dois ingredientes: cacau e açúcar.

Raros Fazedores de Chocolate

Também trabalhando apenas com dois ingredientes, os Raros foram os primeiro produtores de Chocolate Bean-to-Bar que conhecemos em São Paulo.  Eles não misturam cacau de produtores diferentes, assim dá pra sentir a diferença do terroir de cada um. E hoje possuem no Estado de São Paulo seus próprios pés de cacau — possivelmente o cacau mais austral do mundo.

Baianí Chocolates

Os chocolates Baianí começam com o cacau do Vale Potumuju, em Arataca – BA, produzido em um sistema agro-florestal conhecido como “Cabruca” no meio da Mata Atlântica. Suas barras têm sempre 70% cacau, assim você pode entender a diferença do sabor entre cada variedade. Além disso, eles possuem uma barra chamada “Dark Milk” — um 70% cacau que leva leite na composição.

Casa Lasevicius

Cada barra, uma história. A Casa Lascevicius trabalha com produções de pequenos lotes, explorando o terroir de cada grão. Por isso eles falam inclusive qual é a safra do cacau, que eles compram direto de pequenos produtores.

Nakau

O Nakau trabalha com cacau amazônico de pequeno produtor. Cada barra, inclusive, conta essa história, lembrando que o melhor do alimento começa com quem planta. É um chocolate, inclusive com o Selo Origens, que garante que sua produção respeita os territórios de diversidade socioambiental.

Demendes Chocolates


A pessoa por trás da marca é Cesar de Mendes. Engenheiro de alimentos e pesquisador apaixonado pelo cacau da Amazônia brasileira. Para criar suas barras mono varietais de cacau selvagem, de Mendes vai em expedições, em parceria com comunidades, em busca de cacau nativo e especiarias da floresta que tenham uso tradicional indicados pelas populações locais. Além de desenvolver o produto, seu trabalho dá treinamento a essas comunidades, mapeando também o material genético, ainda pouco conhecido do cacau. Uma de suas barras Chocolate 65% é feito com a variedade de Cacau Jarí, até então não catalogado. De Mendes descobriu este cacau em abril de 2014 em uma reserva extrativista de floresta primaria, no Rio Jari, e não só desenvolveu um produto exclusivo, mas enviou o material para ser estudado pelos geneticistas da CEPLAC (órgão do governo brasileiro responsável pela cultura do cacau).

Não tão pequenas assim
Além dessas pequenas produções autorais, o Brasil já possui marcas maiores, mas que mantém um trabalho sério em sua produção. Um exemplo é a Amma Chocolates. Seu fundadror, Diego Badaró, membro da quinta geração de cacaueiros de renome (a família dele é até citada em romance de Jorge Amado, entende?), tinha o sonho de recuperar as terras da fazenda de Itacaré devastadas pela vassoura-de-bruxa, praga que atingiu muitas plantações de cacau no final dos anos 80. Hoje as terras da Amma produzem o cacau orgânico usado para produzir suas barras e todos os quitutes servidos em se café, a Casa do Sabor (que é um ótimo lugar para visitar após ler esse artigo, pois eles também vendem as barras de outros produtores lá).

Outra grande marca que respeita o cacau é a Dengo. Ela nasceu já grande em 2017, mas usa o cacau de sete pequenos e médios produtores da Bahia para fazer suas deliciosas barras.

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