Comida

A saúde que eu escolhi pra mim

Conheça a história de quem deu um 180 na vida e na saúde
Amigos do Sao Paulo Saudavel
21 de de 2016

Achei muita coincidência quando o São Paulo Saudável me chamou para contar a minha história em apoio ao Setembro Vermelho, mês escolhido pelo Instituto Lado a Lado para a realização de ações de conscientização sobre as doenças cardiovasculares, porque foi justamente uma ida ao cardiologista em junho do ano passado que mudou por completo toda a minha história de vida.

Nunca fui de me preocupar muito com a minha alimentação. Como era magra (sempre pesei menos de 60 kg com 1,60 m), comia de tudo, sem muito critério. Hoje olho minhas fotos antigas e vejo que não tinha uma boa composição corporal. Apesar estar dentro do peso ideal, aparentava ter bastante gordura, o que não é saudável de forma alguma. Resultado de hábitos ruins, como o sedentarismo e a má alimentação. Sempre tive frutas, verduras e legumes em casa, mas optava pelo mais fácil, como produtos industrializados, lanches e doces, comia em horários errados, não almoçava, não tomava café da manhã. Chegava a tomar quase um litro de leite por dia com café e açúcar.

Além de tudo isso, eu fumava, o que me desanimava ainda mais de realizar qualquer atividade física. Não tinha fôlego, não tinha pique. E foi a escadaria do metrô Vila Madalena (quem já subiu sabe do que se trata) que me fez começar a pensar em mudar a minha vida. Quando a subia, diariamente para ir ao trabalho, chegava ao topo com falta de ar e o coração saindo pela boca. Tinha 25 anos apenas. E naquele sobe sobe diário, fui me dando conta do estrago que estava causando ao meu corpo. Como alguém tão jovem era incapaz de subir alguns lances de escada sem quase perder o ar? Como seria no futuro se com essa idade já estava assim?

Em 2013, na lua de mel, com o peso máximo, e em uma corrida de 10k na cidade de Quadra (SP) depois de começar a se exercitar

Em 2013, na lua de mel, com o peso máximo, e em uma corrida de 10k na cidade de Quadra (SP) depois de começar a se exercitar

Como todas as grandes decisões que tomo na vida, comecei a pesquisar sobre parar de fumar, as alternativas, conversei com várias pessoas que haviam abandonado o vício. Achava que se largasse o cigarro, ia passar o resto da vida morrendo de vontade de fumar. E como acredito muito que atraímos o que queremos e as respostas que precisamos, um belo dia uma manicure me falou do nada que havia deixado o tabagismo havia oito anos. E me contou que a vontade sumia, que eu não ia viver a vida toda desejando um cigarro. Com isso, aprendi uma das grandes lições da minha vida: quando alguém quer muito algo, consegue. Somos capazes de dominar qualquer impulso, se realmente desejarmos isso.

Um dia, pouco tempo depois desse episódio, saí do trabalho para fumar do lado de fora da empresa. Na garoa e no frio. E aquilo me pareceu tão ridículo e sem sentido, que decidi que aquele era o grande dia. Lembro que vestia um casaco de lã e o cheiro da fumaça me incomodou tanto, me senti suja por dentro e percebi realmente o mal que estava me fazendo. Saí para almoçar decidida. Quem fuma sabe que após as refeições é um dos momentos que mais se tem vontade de um cigarro. Comi e fiquei uns 20 minutos em uma ferrenha luta interna. Paro agora. Não paro, não vou conseguir. Você consegue, é forte. Só mais um, o último. Não! Acabou. Levantei, paguei a conta, abri o lixo e joguei o maço e o isqueiro sem olhar pra trás. Não consigo nem explicar a angústia que senti, mas eu estava decidida. E foi assim, sem “despedida”, que deixei o cigarro.

Sim, me senti vitoriosa! Sabia que jamais voltaria a fumar, porque eu sou assim, quando eu decido uma coisa, eu não volto atrás, quem me conhece bem sabe disso. Determinação e força é o que não me falta. Ao abrir aquele lixo fiz uma das coisas mais importantes da minha vida e pela minha saúde, mas junto eu abri uma outra porta que levaria 10 anos para ser fechada. O grande erro foi jogar no lixo o cigarro e passar em uma loja de doces que tinha no caminho. Seguindo conselhos que li na internet, em revistas e ouvi por aí, comprei montes de balas, chicletes e doces para “segurar” a vontade de fumar. Toda vez que o desejo apertava, eu comia um doce. E foi assim que nos anos seguintes eu troquei o apoio do cigarro pelo apoio da comida. E comecei a engordar.

Com o fim do fumo, o paladar volta ao normal. E lembro até hoje o gosto delicioso que as comidas voltaram a ter. Aquilo era maravilhoso! Fumei por 10 anos, desde a adolescência, ou seja, havia anos que não sabia o que era o sabor dos alimentos. Era um novo mundo incrível. Me recordo com precisão de um almoço em um japonês, alguns dias após ter parado. Comi duas vezes mais do que costumava comer. Para preencher o “vazio” deixado pelo cigarro e também porque era muito bom o sabor de tudo!

ainda acima do peso

ainda acima do peso

E nisso, ignorando todos os conselhos de quem já havia parado e caído neste mesmo erro, a comida virou minha melhor amiga. Eu estava triste, eu comia. Eu estava feliz, eu comia. Estava ansiosa, comia. Comecei a engordar. No começo, até brincava que preferia ser uma gordinha saudável do que uma magra fumante. Só que não me atentei, naquela época, que a gordura excessiva pode ser tão ou mais prejudicial que o cigarro. Demoraria ainda alguns bons anos para eu entender isso.

Três anos depois saí de casa para morar sozinha. E foi então que as coisas realmente saíram de controle. Comia muito produto industrializado, refrigerantes, cerveja, salgadinhos, alimentos congelados… Jantava pastel com suco de laranja, comia fora quase todo dia no almoço e no jantar, pedia pizza duas vezes na semana, comida chinesa, e todo tipo de delivery possível. Passou um tempo e passei a me sentir até mal com esse tipo de alimentação, sentia falta de COMIDA DE VERDADE. É incrível como nosso corpo é inteligente e nos dá os sinais, os alertas de que algo está errado. Comecei a aprender a cozinhar. Sim, eu não sabia nem fazer arroz até então. Tinha preguiça, chegava cansada do trabalho, achava complicado… Mas a vontade de comer comida me fez aprender. Então em alguns dias eu cozinhava e em outros eu comia outras besteiras. Cortei o refrigerante e a cerveja, antes que virassem vícios. No almoço até me alimentava bem, porque comia no restaurante por quilo perto do trabalho, mas mesmo assim era comida da rua. Não há nada como a comida de casa.

Fui promovida no trabalho e com isso vieram mais responsabilidades e desafios – e estresse. Eu já havia passado por grande período de estresse no ano anterior quando saí de casa (o que por si só já é um grande desafio) para ir morar em outra cidade, o que não deu certo e me fez voltar para São Paulo em 5 meses. Só que neste tempo minha mãe resolveu se mudar para o interior. Então quando voltei pra São Paulo, ela se mudou um mês depois e eu fiquei aqui praticamente sozinha de novo, enfrentando todos os percalços de cuidar de sua própria casa.

Hoje, depois de tudo que aprendi, tenho certeza absoluta que estava com fadiga adrenal. Vivia cansada, estressada, desanimada, passava os fins de semana dormindo e não tinha pique para muita coisa. Terminei um relacionamento nesta mesma época e me senti mais sozinha ainda. E aí a saúde começou a dar sinais de que algo não estava nada bem. A conta sempre vem! Mais dia, menos dia, ela vem. Com saúde NÃO SE BRINCA. Tudo que eu comia, eu ficava enjoada, a barriga inchava, eu sentia dores. Fui em um pronto-socorro uma vez, me sentindo muito mal e ele me mandou ir ao gastroenterologista. Mal sabia eu que ali começaria uma saga sem fim que resultou em dezenas de exames de sangue, de urina, fezes e de todo tipo, seis endoscopias e duas colonoscopias, idas constantes ao pronto-socorro, enquanto minha saúde ia piorando cada vez mais e mais, sem eu saber ao certo o que tinha e como curar isso tudo.

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Antes dessa peregrinação por médicos ter início, minha avó faleceu e eu era a única parente viva aqui no Brasil. Tive que cuidar de tudo referente ao falecimento, aos bens deixados, ao enterro, toda a burocracia e papelada, além do estresse emocional. Nesta época comecei a engordar de novo, depois de ter meio que estabilizado na casa dos 60 quilos após parar de fumar. A balança passou de 70 quilos pela primeira vez. E eu continuava estressada, cansada, passando mal quando comia. Demorei para buscar ajuda porque sempre tendemos a colocar tudo antes de nós. Hoje não cometo mais esse erro.

Conheci meu marido nesta época e com o apoio dele procurei ajuda médica, porque os problemas estavam aumentando. Além do mal-estar no estômago e intestino, agora também tinha ataques de pânico constantes. Era um efeito em cascata que parecia que não ia acabar muito bem, eu pressentia.

Em 2012 tomei uma grande e importante decisão: pedir demissão e cuidar da minha saúde, da minha alma, da minha vida. Estava infeliz no trabalho e muito doente. Não me sentia saudável de forma alguma. O peso continuava a subir e cada vez mais eu buscava conforto na comida que, ironicamente, parecia ser minha inimiga, uma vez que eu comia e ficava mal! Isso porque eu estava comendo tudo errado!

Demorou ainda quase dois anos para que as coisas começassem a melhorar… Fui em diversos médicos e ninguém parecia saber o que eu tinha. Tive todo tipo de diagnóstico e recomendação. Tomei caixas e caixas de remédios e mais remédios que pareciam me deixar só mais doente. Cheguei ao ponto de só conseguir comer se tomasse pelo menos três remédios diferentes! A única certeza, pois era um diagnóstico preciso, era que eu tinha gastrite.

Só que como eu não entendia o papel da alimentação nisso tudo (ou até entendia, mas não queria mudar), eu continuei a comer mal. E a gastrite que era leve virou crônica. E a ela se juntou a um refluxo que não me deixava dormir direto e nem comer. Mais remédio. Eu ainda achava que o remédio ia me salvar, que ele era a solução. Não, gente! Ninguém contou pra nós, mas a solução está no seu estilo de vida! É isso que vai trazer sua saúde de volta, sua paz, sua disposição e alegria de viver. Mas o caminho ainda seria longo até eu descobrir isso. Tive muita sorte, pois poderia ter tido consequências irreversíveis para minha saúde.

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Os alimentos orgânicos me ajudaram a recuperar a minha saúde de volta

Comecei a desconfiar que os alimentos tinham um papel importante na nossa saúde quando trabalhei na editoria de saúde de um grande portal (sou jornalista). Foi lá que ouvi falar de intolerância à lactose, ao glúten, doença celíaca, que o intestino era nosso segundo cérebro. Isso me fez ver uma luz no fim do túnel. Por isso a informação é tão importante! Por isso quero levar minha história para as pessoas. Colocaram uma venda em nossos olhos que precisamos tirar.

Passei a me interessar pelo tema e a ler e buscar saber mais. Desconfiei que a alimentação talvez fosse a “chave” de tudo… Via cada vez mais gente jovem doente. Eu estava doente! Os alimentos não tinham sabor… Leite, tomate, alface, tudo com gosto de plástico. Esse não era o gosto das comidas que eu lembrava da minha infância, pensava. Até que comprei alguns alimentos orgânicos. O primeiro tomate cultivado como antigamente a gente nunca esquece! Que delícia! Sabor de infância! Vi minha avó pondo a salada na mesa a cada mordida. Fui na feira orgânica do Ibirapuera e ali minha história alimentar se transformou.

Cada coisa que comprei tinha um gosto que era gosto de comida de verdade. Humm, que morango bom!! Banana doceee!! Que delícia que é a comida de verdade! Você come e se sente bem. Enche o paladar, a alma e a saúde. Fora a simpatia dos vendedores, que realmente entendem de alimentos. Aquilo me conquistou para sempre e a comida de verdade voltou com tudo para o meu prato. Começamos a comprar quase tudo orgânico. E – acreditem – meu refluxo e minha gastrite melhoraram. Parei com os remédios por minha conta, pois senti que estavam me fazendo mais mal do que bem. Era o início de uma nova vida, depois de dois anos tomando exomeprazol sem parar.

Como esse é um caminho sem volta, nunca mais parei de buscar informações sobre alimentação. Sabia que essa era a estrada a ser trilhada! Naquele ano, 2013, cheguei ao meu peso máximo, cerca de 84 quilos (não sei ao certo porque parei de me pesar), bem na época do meu casamento. A ansiedade da organização da festa me fez comer o triplo e casei bem acima do peso. Já tinha certo conhecimento sobre alimentos, mas não consegui controlar meu impulso de buscar conforto na comida e comia muito mais do que precisava.

Como ainda tinha bastante desconforto intestinal que, agora, vinha acompanhado de fortes dores no abdômen que me faziam até chorar, busquei novamente ajuda médica. Tive diagnóstico de intolerância à lactose e doença celíaca, que depois foi revisto para intolerância ao glúten (vivi dois anos como celíaca e foi assim que aprendi a importância de ler os rótulos de tudo que compramos. Tem muita porcaria escondida nas comidas de supermercado!). Demorei mais alguns meses para tirar esses alimentos da minha vida por completo. Mas quando decidi tirá-los de vez, senti cada dia mais a minha saúde melhorar. Desinchei, pois estava com o organismo todo inflamado por conta da alimentação ruim e das intolerâncias alimentares. Demorou ainda alguns anos para meu corpo voltar a funcionar bem.

Ana hoje com sua feira de orgânicos

Ana hoje com sua feira de orgânicos

Todos os médicos que eu ia me diziam que eu tinha que emagrecer e me exercitar. Mais uma vez vi ali um sinal. Quando meu colesterol total e o colesterol ruim subiram demais e o triglicérides estava quase acima do ideal percebi que era mais do que hora de lidar com meu vício em comida. Sim, comer demais é um vício, as pessoas gostem ou não de assumir.

Procurei o Vigilantes do Peso e frequentei as reuniões por cinco meses. Perdi 10 quilos só trocando ou evitando alguns alimentos e fazendo todas as refeições nos horários certos. Em um mês me alimentando bem, meu colesterol baixou para níveis normais e o triglicérides despencou. Vi ali mais uma prova do caminho que deveria seguir.

Acontece que anotar todo dia o que você come cansa. Pra mim cansou e acabei parando de ir às reuniões. Voltei a comer do meu jeito, mas um pouco melhor. Cortei certos alimentos, consumia cada vez menos industrializados, mas voltei a me alimentar em horários errados, pular refeições. Porém, algo havia mudado dentro de mim. Uma sementinha havia sido plantada em toda essa jornada. E quando essa sementinha fica lá, germinando, um dia ela floresce.

Eu queria MAIS QUE TUDO ser uma pessoa saudável de novo. Eu sabia que podia, sentia que dependia só de mim, só não sabia por onde começar. Já não tomava mais remédios para gastrite e refluxo (santos orgânicos!), mas ainda me sentia sempre cansada e desanimada. Trabalhava de casa e via poucas pessoas durante o dia, o que me gerava muita ansiedade. Tinha uma energia extra sobrando que não tinha onde ser usada. Já tinha feito terapia para tratar a síndrome do pânico (nunca quis tomar remédios pra isso) e lá já havia descoberto que precisava extravasar essa energia, só não sabia de que forma! Como o pânico me deixou uma pessoa retraída, saía pouco e vivia em casa. Nem dirigia mais.

E aqui voltamos ao primeiro parágrafo do texto. A ansiedade extrema, sentida durante anos, também passou a afetar minha saúde. Sim, ansiedade constante pode fazer mal ao seu coração! Comecei a sentir palpitações e descompassos cardíacos (quando o coração parece que bate fora de sintonia) diversas vezes ao dia. Fiquei com MUITO MEDO disso, sabia que não era um bom sinal.

Fui ao cardiologista e aquele dia minha vida mudou de vez. Ele me disse, curto e grosso, que se continuasse com esse estilo de vida, com 40 anos ir ter um treco e “pápum”. E que, sim, eu poderia desenvolver arritmia cardíaca se continuasse assim. E, sim, meu colesterol estava alto de novo e eu precisava mudar tudo ou ia ter que tomar remédios para o resto da vida.

Um tapa na cara. Às vezes é tudo que precisamos. Como tinha síndrome do pânico, não conseguia me exercitar sozinha porque quando o batimento subia eu tinha medo de morrer. Mas eu sabia que o exercício físico era parte FUNDAMENTAL deste processo. Eu precisava me movimentar. Perder o peso extra, trazer meu corpo para o equilíbrio e gastar essa energia que me deixava ansiosa em algo que fosse bom pra mim. Fizemos alguns ajustes no orçamento e contratamos um professor para me dar aulas 2 vezes na semana. Mas eu abracei com tanta força essa oportunidade de melhorar minha vida e recuperar minha saúde que eu não ficava só nestes dois dias. Eu fazia esteira e alguns exercícios que o professor passava nos outros dias. E caminhava, caminhava, fazia 4, 5, 6 quilômetros, ia ao Correio, ao supermercado ou só andar mesmo. E comecei a me sentir cada vez melhor. A única certeza que eu tinha era: eu quero minha saúde de volta! Eu não queria tomar remédios o resto da vida. Eu não queria chegar em um ponto que não tivesse mais volta. Eu não queria mais viver triste, doente, cansada, com dores, sofrendo. Aquilo não era vida! E com todo meu conhecimento eu sabia naquele ponto que a mudança só dependia de mim.

Ana hoje depois de toda a mudança

Ana hoje depois de toda a mudança

E eu, que sempre fui sedentária, me apaixonei loucamente pela atividade física. Já fiz natação, spinning, corrida, musculação, funcional e amo todos! Amo me movimentar! A sensação de bem-estar que o exercício proporciona é indescritível. Tudo melhora, disposição, sono, humor, energia… Sofá nunca mais! Sempre me pergunto como não descobri isso antes. E pergunta cadê o pânico? Foi embora! Porque o melhor remédio para depressão e ansiedade é se movimentar. E adivinhem que o conforto para o estresse e problemas que buscava na comida, passei a encontrar no exercício. Ele é minha fonte de bem-estar e válvula de escape. Nunca mais vou parar.

Paralelamente aos exercícios fui a um nutricionista que reorganizou minha vida alimentar, me deu dicas de alimentos. Aprendi a comer direitinho, nos horários certos, e cada vez fui melhorando mais a minha alimentação, mudança que já tinha iniciado láaa atrás. O que eu precisava era me livrar do vício em comida. E isso eu fui fazendo aos poucos, dia a dia, sem pressão. Comecei e pensar na saúde sempre que ia comer, se aquilo seria bom mesmo pra minha saúde, se valia a pena, se estava de acordo com meus objetivos. E quando fui vendo meu corpo voltar a sua forma, perder a gordura toda, quando comecei a me sentir cada vez mais leve, disposta, bonita, quando a autoestima começou a voltar, quando comecei a me sentir um pessoa saudável de novo, tudo isso só serviu de motivação cada vez maior para que que não comesse coisas que não eram boas pra mim em todos os sentidos. Perdi 20 quilos entre junho de 2015 e junho de 2016. Ao todo, desde o início do processo de mudança, perdi cerca de 30 quilos.

A luta é longa, não é fácil. É preciso muita força de vontade, coragem e determinação, mas vale a pena. Mudar hábitos tão arraigados não é tão simples. Não acontece em um mês nem dois. Por isso, não tenha pressa! Eu posso dizer que levei 10 anos para me tornar a pessoa que eu sonhava ser enquanto subia ofegante as escadas do metrô Vila Madalena. Dei uma volta imensa, talvez desnecessária, talvez não. Mas foi assim que aconteceu. E o mais importante de tudo isso é que lá no fim dessa estrada eu não encontrei a doença e a tristeza. Eu encontrei a vida e a saúde. A luz, a paz, a alegria, a autoestima. Porque eu quis assim. Eu escolhi ser feliz comigo mesma.

Por Ana Sachs