Exercício

120 anos de Olimpíadas

Os jogos mais famosos do mundo completam 120 anos
Letícia Genesini
06 de abril de 2016

Hoje as Olimpíadas da Era Moderna completam 120 anos. O marco retoma os jogos sediados em Atenas, Grécia de 6 a 15 de Abril de 1896, que renascem com o lema, criado por Pierre de Coubertin, cofundador do evento: “Citius, Altius, Fortius” (mais rápido, mais alto, mais forte). Uma frase aparentemente óbvia para uma competição esportiva, mas que levo comigo porque em sua simplicidade sintetiza o desafio de todo e qualquer atleta.


Mesmo acompanhando os jogos desde pequena, a primeira vez que ouvi o lema das Olimpíadas foi no filme “Without Limits” que narra a história do célebre corredor americano Steve Prefontaine (recomendo para qualquer pessoa que já pensou em laçar um tênis de corrida). De modo pungente o filme afirma qual é o verdadeiro desafio do atleta: não é “mais rápido, mais alto, mais forte” do que seu adversário; é apenas ser “mais rápido, mais alto, mais forte”. Esse momento me marcou. Naquela época eu já corria, e a admiração aos atletas, já havia se convertido em vontade. Porém era isto, apenas vontade, já que meus melhores tempos não seriam nunca melhores, nem entre os mais amadores. Ao conhecer este lema entendi, que independente de tudo isso, o sentimento de correr era indescritivelmente o mesmo, em todos os corpos.

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Em 2012 corri a meia maratona de Amsterdam. À revelia, pois estava lesionada, mas essas inscrições a gente não joga fora. Trotei os 21km e inclusive andei pela cidade. O percurso lindo se encerra nos 400m da pista de atletismo do Estádio Olímpico, e ao entrar por suas portas já exausta e dolorida eu me deparei com essas palavras “Citius, Altius, Fortius” e novamente entendi. Estava eu, na minha pior corrida, fazendo um tempo mais alto do que os atletas que pisaram fariam inclusive uma maratona completa, mas eu me senti à altura deles.

Uma medalha, um pódio, um troféu, é uma vitória do corpo, mas também do espírito. Se sim, é preciso nascer com velocidade, aptidão e simetria para ser atleta, também é preciso uma fibra de coragem. Coragem, claro, de arriscar a falhar. É esse espírito atlético que todos nós, lentos, inaptos e assimétricos conseguimos entender, e é por isso que ele é universal: não pela vitória que é de poucos, mas pela ousadia de tentar.

Quando dizemos que todos podem ser atletas não é, em medida alguma, uma simples frase inspiracional. Não é um prêmio de consolação a nós que não conseguimos as mesmas vitórias físicas. É uma verdade quase que assustadora que diz: você pode se desafiar a ser melhor. Essa é uma capacidade que todos temos, mas que requer coragem, pois se propor à vencer alguém é um desafio fácil: se você falhar é apenas porque o outro foi melhor. Se propor a dar, honestamente e sem desculpas, seu melhor, e sustentar o resultado disso seja ele qual for é um desafio mais profundo e irrestrito que qualquer um pode ousar se propor.

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